sexta-feira, 18 de outubro de 2013

ADORADORES
EM ESPÍRITO E EM VERDADE
 

                               Ao lermos a frase: “Adoradores em Espírito e em Verdade”, a primeira imagem que nos vem à mente é, exatamente, a passagem bíblica de João capítulo 04 em que o Amado Mestre está dialogando com uma mulher samaritana à beira de um poço, refletindo sobre a Verdadeira Adoração. O ápice desse diálogo é: Adoração em espírito e em verdade é a qualidade que Deus busca na vida dos adoradores. Outra fala forte é: A hora vem, e já é. Ou seja, esse é o tempo dos verdadeiros adoradores adorarem ao Pai.
Com base nesses dois vértices, pode-se extrair a conclusão que a Igreja contemporânea ainda está longe da Adoração que atrai os olhos daquele que O Digno de ser adorado.
                Não quero com isso ser visto como um crítico arrogante e sem fundamentos. Assim sendo, convido-o a viajar comigo nas linhas deste artigo e descobrir a magnífica estrada que nos leva a Excelência da Adoração. 
                

Deus busca adoradores que o adore em espírito e em verdade. Para entendermos essa afirmação de Jesus, precisamos retornar às raízes da existência humana e encontrarmos a primeira personalidade geracional bíblica, Adão. Ao criar o primeiro homem, Deus lhe deu uma responsabilidade como vemos em Gênesis 02:15 – lavrar e guardar o jardim do Éden. Quando analisamos a palavra adoração, descobrimos que no hebraico uma das formas literárias é Avodáh (raiz – avadh = servir) que significa trabalho e também adoração a Deus. Podemos então, dizer que o ato de lavrar e guardar o jardim do Éden era também uma expressão de adoração na vida de Adão.  Logo, a ação de servir, não importa a quem, é uma atitude de adoração a Deus. Se ao sair do lar em direção ao trabalho se faz sob murmurações, não há nisso nenhuma atitude de adoração. Adorar não se restringe a ambientes, circunstâncias, expressões corporais ou canções. Adorar é o relacionamento do prazer do servir com o zelo do guardar os ensinamentos na Lei do Senhor.
                Adão não serviu com excelência, apesar de servir com grande dedicação. Ele não teve zelo com sua responsabilidade total. Lavrar está relacionado com todo o processo do cultivo do fruto, ou seja, desde o preparo da terra ate a armazenagem da colheita, alem de ter um conhecimento absoluto do que se está cultivando. E, podemos perceber que Adão tinha um conhecimento superficial de pelo menos duas árvores, extremamente, importantes em todo o Jardim: a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Por quê?  Quando observamos a passagem que retrata a queda, vemos que Adão desobedeceu ao Senhor não somente porque comeu da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (GN 2:17), mas também porque não comeu da Árvore da Vida (GN 2:16). Essa é a grande questão: como pode alguém conhecer a Árvore da Vida e não comer do seu fruto? Essa árvore representa a vida. A vida é Jesus (JO 14:06). Se alguém comer da Árvore que representa a Vida, jamais desejará comer da árvore que representa a morte. Essa é a primeira linha de observância que Adão não cumpriu com excelência sua responsabilidade.
Em continuidade, o segundo detalhe na ordenança do Senhor foi o de guardar o Jardim. Uma vez mais Adão permite que os detalhes lhes escapem do discernimento. Guardar é o mesmo que proteger dos perigos. Eva estava dialogando com um ser astuto e muito perigoso e com permissão de Adão. Contrariamente como, por vezes, ouvimos que Eva estava sozinha no diálogo com a serpente, não temos confirmação disso na Palavra, na verdade o que lemos é que Eva comeu e deu a Adão seu marido. O texto não diz que ela levou para seu marido, dando,assim o sentido que Adão estava próximo dela.   A atitude da serpente era, no mínimo, muito estranha e Adão não teve nenhuma ação repulsiva quanto ao fato e até mesmo com a própria serpente, pois não foi capaz de discernir o mal que estava a fluir através da mesma. Ele deveria guardar e proteger o Jardim de qualquer suspeita perigosa, de qualquer atentado à harmonia no relacionamento com Autor da Criação. A atitude de Adão revelou falta de zelo para com a responsabilidade que lhe foi confiada.
Adão não correspondeu à expectativa do Senhor em sua vida. Ele não lavrou e nem guardou o Jardim devidamente. Logo, adoração em excelência não fez parte do seu estilo de vida. A consequência da desobediência de Adão foi o sair de forma desonrosa do Jardim e a consequente perda de relacionamento com o Senhor.

 A expressão “em Espírito” tem o sentido de viver de tal forma que se absorva, todos os dias, a Essência de Deus em nossas vidas. Isto é lavrar a terra, se alimentar de Cristo. E, a expressão “em Verdade” nos revela a atitude de viver a Palavra até que a Palavra viva em nós. Isto é guardar o Jardim, é proteger a imagem de Cristo com nosso exemplo de vida e com nosso testemunho fiel, diante de um mundo cheio de cobranças.
Tecendo uma analogia entre Adão e a Igreja contemporânea, vemos muitas semelhanças entre ambos.  Do mesmo modo que Adão não lavrou o Jardim com o zelo de conhecer, detalhadamente cada árvore ali plantada, temos presenciado em muitas vidas que se dizem cristãs a mesma falta de zelo em não discernir o Corpo de Cristo, não fazendo julgamento das próprias atitudes. Falar do Amor não quer dizer, intrinsecamente, que se vive o Amor. Muitas pessoas assim o fazem, mas suas ações demonstram a total falta do Amor. Não sabem viver o perdão, apesar dele o falar. Nas congregações transmitem uma longanimidade magnífica, mas quanto adentram no trânsito em seus veículos, são capazes de atrocidades incríveis como xingamento, gesto obsceno, infração, agressão moral ou até física. Praticam pirataria. Comercializam o ministrar da Palavra de Deus. Promovem show gospel que exalta mais o status pessoal que o Nome de Jesus Cristo. A lista é ampla e, infelizmente, cresce mais a cada instante. Essa atitude, presente em algumas pessoas, não demonstra, de forma alguma, que a Essência de Deus está sendo por elas absorvida. E, com isso o Jardim não está sendo lavrado.
Outra observação está no guardar. Será que estamos guardando o Jardim da forma como deseja o Senhor ou estamos nos procedendo igualmente a Adão? Devemos lembrar que Adão negligenciou o guardar permitindo toda ação da serpente. Hoje em dia, muitos dos que participam da comunhão eclesiástica, também negligenciam o viver na Verdade. Ensinamentos rotos entram no cenário a fim de alavancar fortunas para os cofres pessoais, enquanto vidas são privadas da Palavra que transforma o coração humano. Céu sem festas e templos lotados de vidas em busca da Palavra Viva sem a encontrar. Muitas canções e nenhum louvor. O ensino perdendo espaço para o show. Cachês milionários agora não só mais nos mega eventos públicos, mas também penetrando nos arrabaldes congregacionais. Será este o modelo de adorador que o Pai procura? Tenho certeza que não.
Por outro lado, devemos dar glórias a Deus, pois em todo tempo sempre houve um remanescente daqueles que buscam o perfil do cristão verdadeiro. E, na atualidade não é diferente. Encontramos em toda parte homens e mulheres, jovens e crianças vivendo em harmonia com a Palavra de Deus, exalando o bom perfume de Cristo. Adoradores em Espírito e em Verdade, lavrando e guardando o Jardim de Deus. Ensinando sobre o Reino dos Céus sendo exemplos vivos dele. Pessoas que não adoram em santuários, mas que, sim, adoram porque são santuários. Não apenas levantam as mãos de tempo em tempo, mas estão com suas vidas rendidas em todo tempo. Pessoas assim fazem a diferença em um mundo de indiferenças, lançam a Luz em meio a grandes trevas, derramam o bálsamo da cura em feridas incuráveis, destilam óleo de alegria em multidões de tristezas e jorram mananciais da Vida nos desertos da morte. Viver em Cristo, por Cristo e para Cristo. Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória, pois, a Ele eternamente. Amém (RM 11:36).

Que Ele encontre em nós adoradores que o adore em Espírito e em Verdade.


Pr. Josemar Marcílio Rodrigues

Comunidade Evangélica de Barra do Piraí/RJ

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